Sem Barreiras

O blog Sem Barreiras nasceu em setembro de 2011. Antes disso, em 2009, a filosofia de Sem Barreiras tentou a sorte nas ondas radiofônicas. Juntamente com o jornalista Fred Miranda, apresentei um projeto de um programa semanal de meia hora para a Rádio Universitária FM. Gravamos cinco programas piloto, mas infelizmente não havia espaço na grade de programação e o projeto foi engavetado. Dois anos se passaram e a ideia retornou, agora em nova plataforma. Aproveitando os seis anos de experiência adquirida como editor do Portal da Prefeitura Municipal de Fortaleza, adaptei o projeto inicial e, em setembro de 2011, nascia o blog www.sembarreiras.jor.br. Os desafios eram muitos. Assumir a administração de um blog, sozinho, sobre uma temática gigante e pouquíssimo explorada.

No início de Sem Barreiras, acreditava que estaria unindo duas especialidades minhas – jornalismo e deficiência. Não havia como dar errado. Eu era formado em jornalismo pela Universidade Federal do Ceará e tinha onze anos de experiência profissional. Além disso, eram 34 anos como deficiente físico. Sou portador de Osteogênese Imperfeita, uma doença que deixa os ossos bastante frágeis e quebradiços, daí porque também ser chamada de “doenças dos ossos de cristal”. O que eu não esperava, e que Sem Barreiras não demorou muito para me ensinar, é que eu não era especialista em deficiente coisa nenhuma. Na verdade, não creio que exista esse especialista. Conforme aprendi em uma das entrevistas do programa de rádio, somente desenvolvi uma consciência coletiva como pessoa com deficiência graças a Sem Barreiras. Até então, eu tinha apenas uma consciência individual, ou seja, era minha realidade de deficiente físico.

Durante esses cinco anos, Sem Barreiras me colocou diante de várias histórias muito interessantes e que me ajudaram a entender muito da minha própria história e de meus pais. A seção Depoimentos traz relatos de pais e mães de crianças com deficiência. Através desses relatos, pude vislumbrar, de uma certa forma, o que meus pais sentiram e viveram nos meus primeiros anos de vida. Pude sentir também, ao menos aproximadamente, o que é ser irmão de uma pessoa com deficiência. Essa seção, portanto, posso dizer que é a mais rica do ponto de vista filosófico e sociológico do blog. As outras ensinam muito, porém não é esse seu objetivo. São seções noticiosos, que informam sobre políticas públicas, descobertas científicas, produtos ortopédicos. Em Depoimentos, nós temos histórias de vidas, contadas pelos atores, com suas palavras, suas emoções.

Em 2015, sofri um bloqueio emocional. As pautas de Sem Barreiras estavam muito próximas de mim, da minha vida, e aquilo me abalou. Era como se eu lesse minha autobiografia. Foi outra etapa da minha autodescoberta e autocrescimento. Sem Barreiras também me auxilia no meu desenvolvimento como pessoa e cidadão. Até o momento, faço o blog sozinho e, por isso, ele não atingiu um nível ainda maior. Sem Barreiras tem potencial para crescer e deixar sua marca. A partir ainda de 2015, iniciei um processo lento de abordagem, não apenas da defesa das pessoas com deficiência, mas de outras formas de Direitos Humanos. Dentro da ideia de Acessibilidade e Cidadania, acredito que Sem Barreiras possa contribuir muito para o segundo quesito. Assim, estamos em negociação para incluir colunistas fixos no blog, que falem de outros temas, como questões LGBT, direitos das mulheres, dos negros. Não são apenas as barreiras arquitetônicas que precisam ser derrubadas, mas as sociais.

Meu ex-terapeuta, Dr. Martinho, me perguntou certa vez quais barreiras eu queria derrubar com o blog. Não consegui responder à época. Hoje, eu diria: primeiro, quero derrubar minhas barreiras internas para depois pensar em derrubar as externas. Preciso passar por um processo de autoaceitação. Essa é outra maneira de adquirir consciência coletiva da deficiência. Nessa jornada de cinco anos, existem muitas pessoas a quem devo agradecimentos especiais. Pessoas que me ajudaram a formatar a ideia do blog, pessoas que fizeram o blog, que escreveram matérias ao longo do caminho, que aceitaram me dar entrevistas e pessoas que me apoiaram o tempo todo e jamais deixaram meu ânimo arrefecer. A todas elas, meus mais profundos e sinceros agradecimentos. Não vou citá-los, pois certamente deixarei alguém de fora e não quero cometer injustiças. Muitas dessas pessoas terão participação ativa no Fórum. Acessem Sem Barreiras e participem dessa caminhada – www.sembarreiras.jor.br. A seguir, a relação dos entrevistados no programa de rádio. Se houver interesse, entre em contato conosco que lhe enviaremos o arquivo desejado.

Programas da Rádio Universitária


Deputado Neuramir Amorim (deficiente visual)

Arquiteto Napoleão Ferreira (problemas arquitetônicos da cidade)

Psicóloga Ana Beatriz Praxedes (cadeirante)

Daniel Melo de Cordeiro (cadeirante)

Professora Nildes Alencar Lima (educação inclusiva)

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